terça-feira, agosto 12, 2008

anéis e espelhos

Não dá pra saber se "estamos" ou se "estou" menos envolvida com as Olimpíadas.
Há quatro anos eu era outra e meu círculo de contatos também.
O fato é que agora não vejo ninguém eufórico com um jogo ou medalha. Tudo parece "default", "pro forma". Até a quebra dos recordes agora é feita em massa.
A menina que abriu os jogos era uma farsa, em detrimento da verdade que encanta no esporte, em detrimento do encanto da voz, prevaleceu a imagem. Que, afinal, vale mais que mil palavras. A esperança não encontra muito espaço frente às probabilidades e toda a tecnologia que prevê.
O horário do ao vivo também não permite que a gente simplesmente se entregue.
E no replay, na gravação, no vt, a emoção do resultado, do ponto a ponto, do segundo a segundo, nem de perto é a mesma.
Resta, para os mais apaixonados, rever a expressão do atleta, o movimento do corpo, o olhar de expectativa, a superação em equipe...
Mas fora este momento contemplativo, tudo parece uma grande vitrine.
Os anéis propõe juntar o que sabemos estar apartado.
Talvez estando lá, fazendo parte, eles façam mais sentido.
De ca, do outro lado do mundo, parece um grande circo.
Pão e circo - já sabiam os romanos. Deveriam ser deles as olímpiadas, não dos gregos.
Enquanto os jogos e os anéis tomam conta das notícias o mundo gira.
Não sou engajada, aliás sou bem alienada, por comodidade.
Mas quando o circo era mais humano ou quando eu era mais inocente era mais gostoso.
Os jogos olímpicos sempre foram um grande espelho e projetor da política e da economia mundial.
Desta vez não é diferente.
Mas não era para isso que eu ficava vidrada na televisão. Era para ver a gente.
Tudo igual e tudo diferente.