terça-feira, agosto 09, 2005

Paulistana

O fim de semana começou sem expectativas. Por amor ao trabalho comprei uma revista cuja manchete, entre outras, era: a dieta de Jesus. Ok, amor não se explica.
A sexta a noite ia ser mais uma regada a música quando decidimos, Fê e eu, explorar a nigth paulistana. Lá fomos nós para o Show Bar. Chegar foi fácil, graças ao mapa do Marcinho – que infelizmente não tinha o caminho e volta. Mas isto era preocupação pra mais tarde.
Na porta descobri as vantagens de conhecer as pessoas certas: não ficamos na fila e ganhamos uma carimbada VIP.
Horas e horas de muita música, bebida, dança e risada. E muitos conhecidos. O jeito era não olhar o povo feio que subia no balcão (exceto os bartenders, é verdade).
E, São Paulo é mesmo um mundo! Conheci o Michael, da África do Sul, que mora há 6 anos no morumbi e ainda prefere conversar em inglês. Enquanto eu descobria um pouquinho sobre a África passou por nós o simpático canadense que nos agradeceria o resto da noite por saber indicar na sua língua onde estava o banheiro naquele lugar labiríntico.
Sem ceder aos ataques, Fê e eu saímos quase ilesas da balada, para chegar, sabe-se lá como, a nossa casa às seis e quarenta da manhã de sábado.
Dormi e acordei doendo pra todos os lados – nada que um bom banho não desse jeito. E fomos almoçar uma comidinha light. Voltei pra casa e a cama falou mais forte. Mais música e um guia pra planejar o circuito cult.
À noite fui ao Frei Caneca. Na fase geração saúde matei as saudades do açaí e foi só liberar meu espírito consumista pra me sentir num parquinho. Comprei um CD da Nina Simone – obedecendo a indicação do dia anterior – e uns livrinhos – afinal, não basta malhar o corpo. Enquanto esperava a sessão de cinema devorei o primeiro. E percebi que há muito mais gente pensando sobre minha questão fundamental: a leveza. Ítalo Calvino a coloca como a primeira de suas “Seis propostas para o próximo milênio”. Gosto de saber que autores de peso estão do meu lado. “É preciso ser leve como o pássaro, e não como a pluma”*
Entro pra sala de cinema que só tem crianças de mais de 20 anos. E o filme é lindo! O Castelo Animado. Constato que já entendo diálogos inteiros em Japonês!
O domingo começa com preguiça. Então tomo o café da manhã e rumo para o Ibirapuera. Eu poderia escrever a vida inteira sobre um dia.
Cheguei ao parque muito mineira, procurando quem pudesse ter uma peteca! Andei muito tempo divagando. Desta vez me atrevia a diagnosticar as personalidades segundo os cães acompanhantes.
Eu gosto mesmo de gente. E nisso está o encanto desta cidade: gente.
Andei, andei, andei e nada de chegar ao lago. Foi quando me dei conta de que para chegar até ele era preciso sair das margens do parque. Sempre andei por ali com olhos de turista, como quem vê de fora. E sabendo disto, decidi entrar. De verdade. E quando dei por mim estava a um passo da água. Recostei-me sob a sombra da árvore e, como num quadro impressionista que sempre me vem a mente ao passar por estes caminhos, pela primeira vez eu fazia parte da paisagem.


*PAUL VALÉRY

1 Comments:

At 12:25 AM, Blogger Tess said...

vc me levou lá no ibirapuera, no quadro do renoir... mas não fiz parte da paisagem. ainda. qq dia vou te visitar d novo. alias, nao... vc tah precisando vir visitar a gente!! bjs

 

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