quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Uma chance

Quando eu chegar, não venha com nenhuma fôrma à mão. Não vou me encaixar.
Não me esprema para fazer dar certo a mais próxima.
Sou mutante mas não sou líquida. Preciso de um instante.
Não quero P, M ou G. Quero do meu tamanho.
Preciso de um alfaiate.
Pego, sim, emprestado deste e daquele estereótipo. E é cômodo. E é o contrário às vezes. Preso.
Umas tantas vezes fora.
Isto não porque tenha medo de admitir as falhas, as fraquezas. Mas somente as minhas.
E também não quero os méritos que não me cabem.
Um voto de confiança.
Não me julgue assim sumariamente.
Porque se eu não tiver um ao menos, e souber disso, não tentarei mais.
E eu preciso só de uma chance para tentar me achar.
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"De todos os homens que conheço o mais sensato é o meu alfaiate. Cada vez que vou a ele, toma novamente minhas medidas. Quanto aos outros, tomam a medida apenas uma vez e pensam que seu julgamento é sempre do meu tamanho." George Bernard Shaw
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Leitura: Bauman, Zygmunt. Identidade.
Apesar de preconceituoso em alguns pontos e da pobreza das metáforas, faz pensar; e, inevitavelmente, identificamo-nos com alguns trechos.