quinta-feira, junho 28, 2007

Presenca

Muito bem. escrevo sem acentos, sem cidilhas, sem um monte de coisas que neste exato momento nao importam muito.
Estou em Santiago, e essas ausencias nao sao suficientes para me impedir de escrever sobre uma presenca imponente: a cordilheira.
Pela manha o frio reluz, a neve que cobre as partes altas aparece branca. Son los cumbres. De um branco que fere os olhos. E ao contario do que se poderia supor os olhos nao querem se cobrir com lentes escuras pois, ainda que se machuquem, a cordilheira os atrai.
Ao anoitecer é esplendido. Há uma camada de cidade já acinzentada, querendo dormir. E há o céu celeste, como chamam-no aqui.
Entre eles está o rosa. Os altos cerros encobertos de neve se mostram cor de rosa a luz do sol poente. Y me encantan.
Ja na escuridao a cordilheira se esconde. E só entao tenho olhos para outros encantos da cidade.
No metro, entre as estacoes "escuela militar" e "universidad de chile" me senti alta e preconceituosa. Alta sim, pois que os chilenos tem baixa estatura, e ainda que o vagao estivesse cheio eu podia ver por sobre as cabecas a cara de santiago. E preconceituosa porque me dei conta de que aqui nao podemos destinguir classes sociais simplesmente olhando o rosto das pessoas ou suas vestimentas. Nesta epoca do ano estao todos brancos cheios de agasalhos, cachecol, luva, toca, e... ate que te pecam dinheiro na rua nao imaginarias. No Brasil eu os julgaria sumariamente.
Estive nesta rota em busca do Teatro Municipal. Ali me senti mais bonita. Só de entrar naquele que comemora os 150 anos de seus estofamentos de veludo rojo, de seus balcoes nomeados genios (Vivaldi, Mozart, Goeth, ...), de seus anjos suportando o peso da gente.
A comemoracao foi com um espetaculo de ballet: "Homenaje a John Cranko". Sob a direcao da brasileira Marcia Haydee, o ballet de Santiago apresenta seus dois "bailarines estrella": Marcela Goicoecea e Luiz Ortigoza. Argentinos.
As artes sao mesmo universais.
Ou aqui, pelo menos, sul americanas.
Ademais de esto, na volta para o banho quente e o descanso merecido nao posso deixar de notar que esta é uma cidade cheia de parques e pracas e arvores e bancos e namorados. ou melhor, pololos.
E ai, bateu a saudadezinha do calor do Brasil.

sábado, junho 16, 2007

Vale!


Talvez de todo este tempo mudo valha mençao "el Museo del Oro" em Bogotá.

Como perderam-se os sons, registro a imagem.

começar de novo

Estive calada. Com uma mordaça.
Da rotina. Da ilusão do completo.
Metade não escrevo. Não falo.
(E não se viram muito gabriela e andrea.)
É da junção, do choque, que nascem as palavras.
Elas são ruído e eco, dispostos.
Andei surda. E surda não pude traduzir as tormentas.
Menos a brisa.
Não posso me redimir dos esboços desperdiçados, lamento.
Mas posso começar de novo.

***

Menos surpresa que a exposição de Guimarães Rosa, "A hora da estrela" de Clarice, no museu da Língua Portuguesa, serviu para me despertar.