sexta-feira, setembro 12, 2008

eu meio que indico

Ocorreu-me que há tempos não compartilho minhas impressões ou recomendações sobre as obras de arte. Então vamos aos dois marcantes da última semana.

Literatura
Comer, Rezar, Amar. Da norte americana Elizabeth Gilbert.

Não é um livro maravilhoso, mas é bem gostoso de ler.
Especialmente a etapa Indonésia. Talvez pelo fato de a protagonista já estar mais mentalmente saudável ao fim do ano sabático, talvez por ser um lugar sobre o qual eu sabia absolutamente nada e todos os detalhes históricos/culturais me terem chamado a atenção, talvez por um brasileiro ter ganhado espaço na trama... (não, não foi por esse último motivo!).

Um comentário pertinente: apenas quando faltavam cerca de 20 páginas para eu terminar minha leitura foi que me ative à figura da autora/protagonista estampada na orelha do livro. Isto meio que bagunçou toda a história que eu ia acabando de ler, porque realmente aquelas não eram as feições que eu havia construído para minha contadora da história.

Não sei porque mas me parece um livro feminino. Eu não o indicaria aos amigos.

***

Desculpem o uso deliberado da expressão “meio que” acima. Sei que ela é exageradamente coloquial, contudo, sinceramente, não há outra que melhor descreva com minhas próprias palavras o que senti naquele momento.

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Cinema
Batman – O Cavaleiro das Trevas

Sobre este apenas farei coro às centenas de resenhas e sinopses e comentários que o elogiaram.
Não fui certamente a primeira que ficou encantada pelo Coringa. Como um todo – atuação, texto, maquiagem, figurino...
Não vou entrar muito em detalhes para não estragar a festa de quem ainda vai ver.
Mas algumas coisas me chamaram a atenção: uma delas é o caso do filme não casar com os anteriores. Mas na falta de coerência, prefiro ignorar os anteriores.

Apenas duas coisas não me agradaram.
Primeira: a voz distorcida do herói (quero dizer, do Batman – afinal não está claro se ele é mesmo o herói do filme!) quando ele não é apenas Bruce, e aquele exagero de contorcionismo com os lábios para dar expressão ao mascarado.
Segunda: o filme ter acabado. Eu queria mais uma horinha pelo menos de ação!

Agora vou aguardar ansiosa pelo próximo. Pena que não vamos ter Heath Ledger.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Discreto e constante

Duas características suficientes para tornar um som enlouquecedor.
Deitada, no escuro, num apartamento inabitado por outros seres vivos naquele instante, tento me concentrar no nada.
O livro que eu lia, acabou, não tenho outro para começar, não quero revisitar ninguém, não quero rever nada. A televisão faz muito ruído. O som faz muito ruído. Então fico ali deitada.
E não consigo simplesmente descansar.
Por quê?
Porque ouço esse som discreto e constante da pressão.
Digo, da pressão atmosférica.
Em algum lugar entre meu brinco e meu tímpano há um embate entre a atmosfera e meu, chamemos assim, “ar interior”. E então, fica aí esse ruído insistente.
Tento desviar o foco de captação do som pelo ouvido encostando-o ao travesseiro e, o que acontece?
Outro barulho perturbador... igual a um tic-tac cadenciado de relógio, porém não é o despertador...graças à tecnologia o celular não faz tic-tac.
Este é provocado pela pulsação. Cada impulso que o coração dá ao sangue chega à superfície de minha cóclea como uma manifestação cultural.
Sim! Viver faz barulho!
E quando me dou conta disso, passo a ouvir os dois, ao mesmo tempo, em alta definição.
Enlouquecida, ponho-me a pensar o quanto somos sortudos por temos a audição limitada e o quanto somos também desafortunados por não termos pálpebras nas orelhas.
Imaginem...
Apenas imaginem a infinidade de oportunidades para colocá-las em uso!
Não vou nem começar a escrever!
Tudo isso poderia levar alguém a me internar...tenho consciência disso, afinal, ouvir o que só você pode ouvir é perigoso. Aliás isso vale para todos os sentidos.
Então, vou parar por aqui (provavelmente de comentar, não de perceber!).
Vou terminar reafirmando: discreto e constante...duas características suficientes para tornar um som enlouquecedor...e uma pessoa louca.