segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Abraço

Abrir os olhos. Os ouvidos.
O coração.
Quero mesmo é abrir os braços.

melody plus lyrics

my mind just can't stop singing...

"Understand"*

[Chorus]
I hope you'll understand
That I can't always come when you call
Understand everybody has their faults
Please understand not to worry who I'm with or what I do
Cause I understand that I'm in love with you
Do you understand that I'm in love with you

I keep our song on repeat
On my ipod, even when I sleep
And in my dream I'm holding you
Alone on an island just us two

[Chorus]

The last guy had me so wrong
He kept complaining I was away too long
Don't treat me that way cause in your head
You've got to trust me I won't be led

[Chorus]

I hope your mind ain't working overtime
I hope your memories are full of good times with me
Don't trip if right now I can't answer the phone
Cause you know that soon I'll be coming home

[Chorus]

Do you understand
Cause I understand
Do you understand that I'm in love with you boy
I'm so in love with you, so in love with you
Cause I understand
Do you?
Do you understand that I'm in love with you
Do you understand I'm in love with you

*Mind, Body and Soul. Joss Stone.

domingo, fevereiro 27, 2005

Inspiro

Expiro
Respiro

por isso vivo
Inspiração.

Visão

Alumas das coisas nós as percebemos por pura insistência. É-me o caso desta lição: só podemos enxergar aquilo que conhecemos. Há o lógico, certamente, mas não há o óbvio.
Devo dizer que sabê-lo fará de mim uma pessoa muito melhor. Porém devo ser sincera e reconhecer que relutei para aceitá-lo.
Por sorte, a lição não desistiu de mim, e persistiu em colocar-se a minha frente, até tornar-se familiar, para que eu a pudesse identificar. Que eu a pudesse perceber.

Antes, apresentou-se-me em uma tarefa lúdica. Olhar um negativo de fotografia e dizer o que enxergava. Vi uma caveira, depois uma mulher, outros viram uma floresta, e poucos uma penteadeira, que de fato estava na foto. Eis que surgiu a pergunta: o que é uma penteadeira?
Ora, pobre homem! Como poderia vê-la se sequer a podia imaginar? Como identificá-la naqueles traços? Na hora rabisquei: Não se identifica o que não se conhece. E abandonei a questão.

Então, mais tarde, lendo, por lazer, sobre design, deparei-me com o princípio da Iúca. Vivendo cercada de casas em cujos jardins estavam 80% de iúcas, árvores características da Califórnia, a autora nunca as tinha visto, até ganhar um livro de identificação de árvores como presente de Natal. Eureka: "Esse é o x da questão (...) o fato de podermos dar nome a algo significa que estamos conscientes deste algo...temos poder sobre ele...nós o possuimos e estamos no comando"*. Tavez ela exagere um pouco. Mas eis-me aí, mais uma vez, deparando-me com minha lição.

Menos de uma semana depois, matê. Entrego-me. Estou lendo O Banqueiro dos Pobres**. Nada a ver com design e muito menos com um exercício de percepção ao estilo dinâmica de grupo. E ela está ali, nas palavras de Muhammad Yunus: "só poderemos construir um mundo sem pobreza se formos capazes de concebê-lo".

Assim fez-se entender. Posso percebê-la agora. E, por isso, será preciso aventar a imaginação, galvanizar a criatividade, e explicar pacientemente a quem não pode enxergar. Pois há muitos tipos de cegueira, e o ditado está certo: o pior cego é o que não quer ver.

* Robin Williams. "Design para quem não é designer".
** Muhammad Yunus. "O Banqueiro dos Pobres".

Amigos

Um que vai pro mestrado, um que presta vestibular. Um fazendo doutorado e um outro começando a trabalhar. Um que deixa o namoro e um pensando em namorar... Fulano depara-se com uma dificuldade, beltrano encontra uma solução, ciclano não se liga.
Cada um na sua. E todos aqui comigo.

Cidade dos Sonhos

Um dia. Uma coisa leva a outra, que leva a seguinte. E tudo parece ter a coerência de um sonho.
Moema. Levantar cedo, tomar café. Ir às compras. Oscar Freire. Não são compras quaisquer. As lojas mais caras reunidas. A gente mais AA (os 0,3%) e Alternativa. Tudo in. Então uma água pra refrescar. Centro. Não abrir a janela é fechar os olhos. Criança na rua, vendendo bala. Olhar tocante. Engasguei. Diriam "a gente se acostuma"... e eu anseio não perder a sensibilidade. Novos rumos. Vila Madalena. Gravura Brasileira. Telas. Cadeira e Compasso, meus favoritos. E a hora passa. Bem, como saco vazio não pára em pé, que tal uma comidinha, um choppin? Filial. Comidinha nada. Feijoada. Choppin nada. O chopp.
Mais gente chegando... engatemos um papo português, ora pois. Tasca vs. Pub! E Sintra, Cascais, Lisboa. Brasil. Momento cult. E em volta o mundo girava. Nem era a bebedeira. Era a alta rotatividade nas mesas. Na imediatamente ao lado, 5 grupos diferentes. Resistentes mesmo éramos nós. 7h. Banheiro. O corredor ia diminuindo, diminuindo. Quase quero ser John Malkovich! Chegou no papo de bebum: discussões políticas sobre a miopia para a América Latina. Give me a break! E como não podia ser diferente: filosofia. Materialismo, ecologismo, individualismo, Osho..."e no final tudo acaba em sexo". Ok then. Beijo. : * mo cuishler!
Uma esticadinha ainda. Bora. Pra donde? Vai saber...Perdizes. Casa de um.
Uau! Fotos de Ibitipoca. Janela do Céu, Sete quedas. Puma, Harpia, Lobo Guará.
Mensagens de celular. Sono. Desejos...
Volto pra casa. Trânsito à 1:25h da matina. Fantástico!! E eu lá...levando o corolla, ao som de Jamiroquai. Show.
Moema. Design para quem não é designer, de Robin Willians. Essa vai ficar pra depois, que hoje vou dormir com Bernardo. Soares.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Quarta dimensão

Eu vi. A quarta dimensão pode ser o tempo. Mas é ainda espaço.
Há um mundo lá fora. E há um mundo por dentro.
Há um mundo à frente. E há um mundo atrás.
Quantos mundos há?
Pois não são estanques. Não o são.
Gira, gira e gira. Há um hipercubo! Um hipermundo.
Por descobrir.
Um lado que é só aresta. Perspectiva. Ou ângulo.
Um mundo muito maior. Ou diferente.
Mas é possivel ver. Eu vi.

essência

Não ser títere é ter vontade?
Não ser títere é fazer.
Pela própria vontade.
Fazer.

Sem palavras

Felicidade...felicidade...
Suspiro. Como expressar-te?

Para tal, recorro ao gênio!

Felicidade
Manuel Bandeira*

A doce tarde morre. E tão mansa
Ela esmorece,
Tão lentamente no céu de prece,
Que assim parece, toda repouso,
Como um suspiro de extinto gozo
De uma profunda, longa esperança
Que enfim cumprida, morre, descansa...

E enquanto a mansa tarde agoniza,
Por entre a névoa fria do mar
Toda a minhalma foge na brisa:
Tenho vontade de me matar!

Oh, ter vontade de se mataar...
Bem sei é cousa que não se diz.
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!

- Vem, noite mansa...

*Antologia Poética.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

surto

O cérebro tá a mil e por isso parece que tô surtando. Vem um bando de pensamento desconexo...
Vou começar a procurar ap em sampa e fico imaginando meu sofá, com um Pollock e um Kandinsky atrás...reproduções, é claro!
No taxi pra casa, motorista figura. Uma aula sobre o comportamento da jovem guarda...e sobre o figurino, o que foi o melhor! Cocotinha (?) , pantalona, centropê, cavalo de aço, tubinho...oh god! E de troco inda recebi desculpas. Por me fazer gargalhar! Pode?
À propósito voltei de taxi porque tava um toró. Nova descoberta: pra ser paulistana preciso ter uma sombrinha!
Nada a ver com nada disso...disseram-me já, em uma semana, que sou agitada, que faço muitas perguntas e que falo muito. Como será que perceberam???
Pelo menos disseram com se fosse um elogio!
Também descobri que DDA é POP! Tô me divertindo!
Ah, lembrei de um comentário de um amigo (num digo quem é, pode ficar tranquilo Miguel!) que disse que eu tinha jeito de quem é "advogado do diabo"... é cada uma...
E pra completar...o povo aqui tá pegando no meu pé, ou melhor no meu jeitim minero...uai sô, só porque hoje eu disse "porque se não eu gripo", "tampa a fita pra mim", e "méia comigo"!?

Bom, antes que dê tíuti e comece a sair fumaça, vou pegar um livro, cair na cama e tomar um chá que me saiba a conforto.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Treinamento

É preciso usar a inteligência e dominar a vontade para começar todos os dias. Do zero.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

eu, eu mesma e irene

"o menos aí é mais, e o mais inventado o mais verdadeiro (...)
todos são falsos, porque são todos obra da linguagem, inclusive o "ele mesmo"; e todos são verdadeiros, porque a linguagem em que eles existem tem a verdade maior da poesia."

Leyla Perronne-Moisés, sobre os heterônimos, em Introdução ao Desassossego*.

*Ref: Fernando Pessoa. "Livro do Desassossego". Editora Brasiliense, 3a. ed. 1989.

Feedback

Sorri.
- Boa tarde.
- Obrigada.
Girou a roleta.

- "Se todos fossem educados como você seria muito bom!"

Sorri de novo. Um sorriso maior.
Que me acompanhou até em casa.
No olhar.

QUASE

Luiz Fernando Veríssimo.
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Alegriazol*

Composição para cada comprimido:

Luta contra a tristeza 30 mg
Compartilhar mesmo sem vontade 26 mg
Despertar a si mesmo para ser feliz 15 mg
Transformar a negatividade em amor 29 mg

Deixe ao alcance das crianças
Veja atentamente a bula antes de usar.

*Tirade de uma camiseta da Carlota Joakina que ganhei de presente!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Conotações

Parto.
Parto-me.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Acidente de Percurso

Literalmente!
Foi meu batismo na grande São Paulo!
Eis que, em meio ao trânsito caótico - chuva, muitos carros, engarrafamento, falta de luz, ou seja, falta de semáforo - consegui pegar o ônibus pra casa depois de meu quarto dia de trabalho.
Beleza, conversa vai, conversa vem, PÁ! Bum!
O ônibus bate. E Andréa vai ao chão.
Não cheguei a rolar - como pensariam os amigos mais maldosos - mas foi buniito!
O velhinho ao lado preocupado com aquela marmanja esborrachada no chão.
Levantei como se nada tivesse acontecido. Ou como se um portão me tivesse caído na cabeça. (Tenho talento pra atrair o inusitado! E, o pior, sempre com testemunhas...)
A Deyse inconformada dizia: Andréa, moro aqui há 23 anos, nunca aconteceu...você está bem?

Respirei fundo. Tirei o blaser pra checar o cotovelo.
Vamos de taxi? OK, você venceu. Batata Frita.

Cheguei inteira em casa. Roxa, mas inteira. Com o joelho duplicado. Pra não perder o costume. Pelo visto meu problema com a gravidade aqui não é muito diferente de BSB. Sou mesmo estabanada, fazer o que? Talvez seja uma daquelas: dos males o menor.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Refresco num é remédio

Poesias, reflexões, bandeiras...
o ar tava ficando muito pesado por aqui. E, como todos sabem, tenho problemas com essa coisa de peso!
Já deve até ter gente inibida, ou desmotivada, pra deixar um pouquinho de si.
Pra curar esse mal, seguem uns

Poemas Esparadrápicos*:

Para Tess, 6 anos,

"O poeta escreve
poesia para ser
criança todo dia."
Fernando Paixão

Para os aniversariantes,

"A Senhora Tartaruga,
tetravó do seu Tatu,
está estalando de ruga,
e caduca, e tartamuda,
está pior do que tu."
Angela-Lago

Para os amigos, do sexo masculino,

"Sempre deixo crescer a barba
mas nunca tive bigode.
Se alguma coisa dá errado
logo me acusam: deu bode."
José Santos

Pro Pablo,
"Não foi maluca a idéia
pensada por Dona Baleia?
Deu para a amiga Sereia
um inútil par de meias"
José Santos

*Poemas Esparadrápicos são adesivos com "poesia para gente pequena", cujos lucros de venda ajudam a ONG Doutores da Alegria. Vale à pena checar o site: www.doutoresdaalegria.org.br

Há muitos mais. Mas vou mandar em doses homeopáticas!!

rodapé

Quero levantar uma bandeira hoje. Em favor do rodapé!
Ele fica lá, apartado, reduzido, subjugado.
Entretanto, faz toda a diferença.
Acho mesmo que quem não se atenta para o rodapé está fadado à passividade. À limitação. À dependência.
O pobre que ainda não o descobriu está bitolado.

É preciso olhar além. É necessário buscar mais. É natural perguntar por quê?.
É importante ser autodidata. Ou, no mínimo, crítico.

Por isso a bandeira que quero defender é esta: aumentemos as fontes dos rodapés, coloquemo-nas coloridas, ou qualquer coisa. Mas mostremos que ele está lá. Ensinemos quem ele é. Defendamos as pessoas do ponto de vista exclusivo. Ainda que seja o nosso.

A partir de hoje, neste blog, o Rodapé é protagonista!

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Saudades

"O ser perfeito da minha espécie, o verdadeiro andarilho, nunca deveria nem conhecer a saudade. Eu, porém, a conheço. Não sou perfeito, nem tento ser. Quero desfrutar minhas nostalgias da mesma forma que desfruto minhas alegrias"*.

Que os amigos me ajudem...

*Ref: Hermann Hesse. "Caminhada".

Politics

Brasília ferveu. Pude sentí-lo daqui, do Paraíso*.
A Câmara reverberou. E a votação tem eco...

*Bairro de Sampa.

Nefelibata

nas nuvens...
by plane, he called

sonhar acordado
ou só estar distraído

vislumbrar o futuro, e
ater-se à musicalidade

como não?

***
Sonho: "ter um cachorro e acabar com a violência".*

*REF: A.C.C., 12 anos.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Crachá

Primeiro dia de trabalho. Só impressões. E possibilidades.
Vai chegando a hora de pôr a mão na massa.
- Contrato!

Valentine`s Day

Learn by doing?
é...Amar se aprende amando*!

Para os que sabem que amam...

"O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar."*

E para os que ainda não o sabem...

"Reconhecimento do Amor

Amiga, como são desnorteantes
os caminhos da amizade.
Apareceste para ser o ombro suave
onde se reclina a inquietação do forte
(ou que forte se pensava ingenuamente).
Trazia nos olhos pensativos
a bruma da renúncia:
não querias a vida plena,
tinhas o prévio desencanto das uniões para toda a vida,
não pedias nada,
não reclamavas teu quinhão de luz.
E deslizavas em ritmo gratuito de ciranda.

Descansei em ti meu feixe de desencontros
e de encontros funestos.
Queria talvez - sem o perceber, juro -
sadicamente massacrar-te
sob o ferro de culpas e vacilações e angústias que doíam
desde a hora do nascimento,
senão desde o instante da concepção em certo mês perdido na História,
ou mais longe, desde aquele momento intemporal
em que os seres são apenas hipóteses não formuladas
no caos universal.

Como nos enganamos fugindo do amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
sua espada coruscante, seu formidável
poder de penetrar o sangue e nele imprimir
uma orquídia de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu
em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
que trazias pra mim e que teus dedos confirmavam
ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,
o Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,
quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.

Amiga, amada, amada amiga, assim o amor
dissolve o mesquinho desejo de existir em face do mundo
com olhar pervagante e larga ciência das coisas.
Já não defrontamos o mundo: nele nos diluímos,
e a pura essência em que nos transmutamos dispensa
alegorias, circunstâncias, referências temporais,
imaginações oníricas,
o vôo do Pássaro Azul, a aurora boreal,
as chaves de ouro dos sonetos e dos castelos medievos,
todas as imposturas da razão e da experiência,
para existir em si e por si,
à revelia de corpos amantes,
pois já nem somos nós, somos o número perfeito:
UM.

Levou tempo, eu sei, para que Eu renunciasse
à vacuidade de persistir, fixo e solar,
e se confessasse jubilosamente vencido,
até respirar o júbilo maior da integração.
Agora, amada minha para sempre,
nem olhar temos de ver nem ouvidos de captar
a melodia, a paisagem, a transparência da vida,
perdidos que estamos na concha ultramarina de amar."*

*Ref. Carlos Drummond de Andrade. Amar se aprende amando.

domingo, fevereiro 13, 2005

Sampa Sunday

Fazer a feira por aqui não é mera expressão. Barracas pelas ruas (de onde elas surgem durante a noite?). Gente gritando. "Bom dia freguesa", "tudo fresquinho", "olha a oferta"!!! ...
Cachorro, bicicleta, e é claro: dois pastel e um chopps!

Depois, que Eixão, ou Olhos d`'agua, ou Parque da Cidade que nada...Ibirapuera it is. Torre de Babel! Ou melhor, balaio de gato.

MAM! cinquenta 50.
Isso mesmo. É o nome da exposição. Descobri Carlos Prado: A cidade moderna - ensaio gráfico poético, 1958. Gravuras em metal. Valeu.

De volta ao lar (emprestado!)...it's a lazy day. Comidinha saudável. Saladinha. Pão italiano. Boa conversa. E um bom vinho, claro. Chileno. Casillero del Diablo.
Música variada. MPB, Orishas.
E aí, cai a chuva de verão. De sobremesa? Um sorvete crocante com conhaque. Chique, né?

Bate tudo com um pouquinho de jazz...John Coltrane. E esse é o espírito do sampa sunday!

Agora, depois de morgar um pouquinho, pra fechar: troco a chave pela Menina de Ouro.
Até amanhã...

home, sweet home

Sinto falta daquele tugúrio.

Ser nômade tem sua sorte.
E ser nômade tem seu azar.

O assento está sempre frio.
E há sempre que arredondar o ninho.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Questão de Peso

Ser leve...não há fardo mais pesado.
Não sufocar é perder o ar sozinho.

Menos um livro

O duelo* é findo. Segue a tranformação.
Vem a calhar.

*Ref. Anton Tchekhov. O Duelo.

Ponto de Vista

Deixo os prédios de seis andares.
Deparo-me com os arranha-céus.
Devo encará-los.
Troco Brasília por São Paulo...
Estou deixando o horizonte pra olhar pra cima.

Tanto faz

Tanto faz o sabor. Estou com fome. E, comer é mais importante do que o que comer.
Tanto faz para onde vamos. Porque o que quero é estar com você. Tanto faz o filme. Porque vou me transportar pra ficção e viver outro personagem, vou me emocionar. Tanto faz a música porque o que quero é uma trilha sonora. Qualquer.
Tanto faz porque há que haver espaço para o acaso - senão a vida fica muito previsível. Porque quero o recheio surpresa. Porque quero relembrar e não prever a história.
Tanto faz. Não porque não tenho opinião. Mas porque tenho um desejo mais profundo.

t r a v e s s a

Andriela
Como boa mineira, até ontem "travessa" pra mim era uma simples ordem. Do tipo: vá pro outro lado da rua.Ou nom máximo, como boa apreciadora de variados pratos, um recipiente donde depositamos as guloseimas.
Apego às raízes, ou inocência de quem vive na cidade que não tem esquinas!
Tô agora em Sampa. Mundo novo e comecei minha integração pela cominicação. Vocabulário. A mais nova palavra corrente no meu dia a dia é travessa. Meaning: a rua perpendicular ou, por imperfeição geométrica, que simplesmente corta uma outra rua.
Para que os amigos saibam, e possam me visitar, então: moro na Av. Macuco. Travessa da Ibirapuera! E vou trabalhar na Tomas Carvalhau. Advinhem? Travessa da Tutóia.

Se tudo isso lhes parecer inútil, experimentem pegar um taxi por aqui sem essas informações...

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

vernissage

Ou quem sabe a dúvida?

É tão difícil ser firme
e manter a doçura.

Não sei o que em min sou eu.
Talvez seja a procura.

Dea e Gabi

Nós somos muitos. Há mais que o homem e o lobo dentro de nós*. Mas uma simplificação, a dicotomia especialmente, torna tudo mais simples. Assim sendo, Dea e Gabi alternam-se para mostrar facetas diferentes. Algumas vezes paradoxais. Outras vezes, simplesmente, desconexas.
Voila.

*Ref. Herman Hesse."O Lobo da Estepe".

Concepção

Andriela

Ter um blog...quanta exposição...logo eu?! Este "Andriela" nasceu de um projeto de inclusão social - e que todo mérito seja dado à Tess - e de um medo enorme de ficar longe dos amigos - e, assim, o denemérito é todo meu!

A verdade é que manter e aprofundar as amizades exige interação. Se não é preciso falar a mesma língua, é crucial ao menos fazer uso dos mesmos canais. E, por isso, eu vim parar aqui: baixando minha guarda e me expondo em plena internet. Quem diria?

Pois assim, então, concebo "Andriela": eu, para os amigos, um cadim por vontade, e muito mais por necessidade. Que valha à pena!!